Meus rituais de beleza brasileiros fazem parte da minha história de imigração — Entrevista

  • Apr 28, 2022
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Quando criança, Maia se lembra de ver sua mãe, na foto, aplicar maquiagem em sua penteadeira. "Sempre havia esse aspecto romântico por trás disso, porque ela se preparava para sair e dançar. A iluminação suave e vermelha parecia o tom perfeito para esta foto."Fotografia de Ares Maia

Ares Maiaé um artista, cineasta nascido no Brasil e recém-formado na Parsons School of Design que vive em Nova York. Seu último projeto éBeleza e Imigração, um zine fotográfico que explora a relação entre beleza e identidade para imigrantes brasileiros. Aqui em suas próprias palavras – e acompanhada por uma prévia exclusiva de sua fotografia original – Maia compartilha sua experiência como imigrante da Geração Z criando sua própria definição de beleza.

Eu nasci e cresci em Brasil. Eu cresci em uma cidade muito rural bem no meio do país – então sem praias, sem montanhas. Minha mãe trabalhou em um salão por alguns anos quando éramos jovens. Ela provavelmente ganhava cerca de US$ 180 por mês, e com dois filhos e sem pai, era muito difícil nos criar.

Minha mãe ouviu que uma amiga dela de sua escola se mudou [para os EUA] e se tornou uma faxineira. A recomendação dela era ir para uma área como Connecticut porque você poderia conseguir mais dinheiro para limpar lá. Essa foi a principal razão pela qual nos mudamos para Connecticut, e a segunda razão foi a educação. Nós fomos especificamente para uma cidade chamada New Canaan que é conhecida por ter ótimas escolas públicas. Moramos neste apartamento de um quarto, nós quatro – minha mãe, meu padrasto, meu irmão e eu – por 10 anos.

mulheres brasileiras estão muito preocupados com a forma como se apresentam. Você sempre espera ter seu cabelo e unhas feitos. Os salões são uma coisa muito grande. Mesmo nos bairros mais difíceis, você encontrará muitos salões um em frente ao outro. Eu fui no ano passado e consegui um estouro por acho que menos de US $ 4. Quando nos mudamos para cá, obviamente havia dificuldade financeira para se manter, então fizemos em casa.

"Nós temos cabelos grossos!" diz Maia. "Minha mãe tem o mesmo kit de depilação há talvez 15 anos."

Fotografia de Ares Maia

Minha mãe e eu somos as melhores amigas uma da outra. Nós realmente crescemos juntos nesses 10 anos por causa dos rituais de beleza que fazíamos juntos. Nós enceraríamos um ao outro. Nós alisamos o cabelo um do outro. Nós tingíamos o cabelo uma da outra. E foi [durante] esses momentos íntimos em que estamos sentados juntos por um tempo que podemos falar sobre drama de garotos, fofocas de amizade, objetivos na vida, assim como você faria. em um salão.

Quando nos mudamos, fiquei muito envergonhada com minhas práticas de beleza em casa, especialmente porque na época elas não estavam na moda. Especialmente na cidade em que eu [estava morando], eu não tinha ninguém com quem me relacionar. Eu mentia o tempo todo tipo, 'Oh, eu fiz isso em um salão.' Mas eu definitivamente fiz isso [eu mesma].

“Eu queria ter esses pequenos elementos nas fotos que capturassem como promovemos nossa herança, e nossa herança tem tantos vínculos com nossa religião”, diz Maia sobre as figuras colocadas na penteadeira acima.

Fotografia de Ares Maia

A beleza brasileira é alta manutenção, mas também é estar perto da natureza. Quando eu estava no colegial [por volta de 2013], maquiagem super cakey usando produtos caros da Sephora era tendência no Instagram. Não foi até a faculdade, quando o aparência natural ficou na moda, que comecei a realmente abraçar as práticas de beleza com as quais cresci. Por exemplo, quando removo a maquiagem, até hoje uso óleo de jojoba ou óleo de coco. Eu uso camisetas velhas cortadas em pequenos quadrados, depois é só jogar na lavanderia. Minha avó realmente ensinou a fazer minha própria loção bronzeadora com cenoura, raiz de beterraba e óleo de coco. Você coloca tudo em um pano e aperta e fica com um bronzeado dourado muito bonito.

Mudei-me para Nova York há cinco anos, para estudar design de comunicação na Parsons. Este é o meu segundo zine. O primeiro foi sobre as lutas de imigrar para os EUA e lidar com a vergonha e a culpa. Quando eu estava pesquisando para este, [descobri que] não há histórias suficientes sobre beleza e imigração, e eu acho que decorre do fato de que há tanta vergonha por trás disso - [e] muitas pessoas não querem falar sobre seus vergonha. Acredito que esta história vai tocar o coração de pessoas que não costumam falar sobre isso.

Um olhar sobre a capa de Beleza e Imigração por Ares Maia.

A capa do zine tem borboletas, que foram tão simbólicas na minha vida. [Ouvi dizer que] quando um humano ajuda uma borboleta a sair de seu casulo, as asas ficam muito fracas e a borboleta morre. Assim, as borboletas têm que suportar a dor para florescer. Aquele casulo simbolizou muito para mim como imigrar para os Estados Unidos e tentar encontrar minha identidade – e ter asas fortes para sair pelo mundo. — Como dito a Dianna Mazzone

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